19 junho 2006

INCÓMODO


Sinceramente fico incomodado em saber que todas as religiões partem dos mesmos fundamentos: a renuncia da vida terrena e um infundado espirito de sacrificio e uma aparente bondade... além da idolatria a um Deus/Mestre/Guru... mas isto faz algum sentido? A paz e o bem estar da humanidade nâo tem que passar pela adoração de um deus ou mestre... O maior erro da moral religiosa é que para sermos morais temos que abdicar sempre de algo bom como se ser moral não fosse algo natural mas só atingivel áqueles que se esforçarem para tal (esforço=abstinência de bem estar em geral): isto não é possivel nem é necessário... o egoismo creio que não é incompativel com uma atitude moral perante a vida... nao faz sentido envergonharmo-nos dos nossos instintos... temos é que ser mais racionais. Eu não sou apenas ateu: tambem sou anti-clerical. O humanismo é a 'filosofia' que considero fazer mais sentido.


5 comentários:

Eduardo disse...

O egoismo teria de ser refreado para funcionar/encaixar nesse humanismo... Senão tens anarquia/caos.
Idealmente gosto da moral religiosa cristã, dar aos outros altruisticamente, parece-me que proporcionaria um mundo perfeito, mas claro que as pessoas não são capazes disso. Tal como não são capazes desse humanismo que falam, porque não refreiam o seu egoismo. A tua visão parece um pouco mais viável pois não restringe tanto a individualidade da posse, no entanto esse sistema moral também não conseguiria ser uma base de sociedade porque alguém iria irremediávelmente exceder-se.

Paulo disse...

A sua definição sobre todas as religiões está errada. Nem todas partem da renuncia da vida terrena, o espirito de sacrificio não é infundado, mas sim baseado na concretização de um objectivo maior em que se acredita, a bondade não é aparente, mas sim bem real, a idolatria não tem lugar. Falo da religião que conheço bem, o Budismo.

Concordo quando diz que a paz e o bem estar da humanidade não tem que passar pela adoração de um Deus ou mestre, esta adoração pode existir, baseada em razões válidas e em admiração de capacidades que gostariamos de ter para nós, digamos que como "farol", como um ideal, mas nunca cegamente. Falo claro do mestre, sendo o Budismo uma religião não teísta.

O mal da moral, é de ter que haver alguem que decida o que é moral ou não, essa opção é retirada ao individuo, por isso é que o Budismo não fala de moral mas sim de ética, ou seja coloca nas mãos do individuo a responsabilidade pelas suas acções, mas é na verdade uma religião amoral. A moral é um problema tipico das religiões que se colocam intermediárias entre o "divino" e o individuo, são poucas, mas com muitos seguidores, a religião católica é um exemplo.

Partilho consigo o ateísmo, sim o Budismo é ateu, quanto ao anti-clerical, vou fazer uma analogia com o Budismo, não temos a figura "clerical", temos sim a Sangha, vulgarmente conhecidos por comunidade monástica, e é a eles que eu tenho que agradecer a preservação do conhecimento e dos ensinamentos pelos quais hoje levo a minha vida, a minha divida é enorme.

Sendo Budista, o respeito pelo outro torna-se uma prática, dessa forma considero-me humanista, posso não concordar com as opções dos outros individuos, ou crentes de outras religiões, mas respeito a sua decisão, e a sua liberdade de escolherem o seu caminho, não me incomoda que pessoas tenham confissões diferentes da minha.

Confesso que ainda não compreendi bem a razão do seu comentário, já agora, se puder ser, gostava que me explicasse porque é que o fez, encontra em alguma coisa do que eu escrevi no Blog, algo que fundamente o seu comentário?

Só me resta agradecer a sua passagem pelo meu blog.

Obrigada pela atenção.

Carlos disse...

As razoes do meu comentário: após uma leitura do blog e principalmente do post 'Os dois acessos ao Caminho' simplesmente resolvi comentar para ver como irias reagir pois simplesmente não concordo com a ideia de seguir um mestre. Quando eu disse que me sentia incomodado é um sentimento pessoal e não significa de todo qualquer tipo de incompreensão ou falta de respeito pela opinião de todos... apenas quis dizer que me questiono se a escolha que os outros fizeram foi bem ponderada ou se, como eu acredito q é na maioria dos casos, resulta apenas da mera aceitação daquilo que os pais e a sociedade lhes ensinam. Em relação á adoração de um mestre considero que uma atitude moral e positiva para o bem estar da humanidade deriva directamente da análise racional das nossas acções...seguir os ensinamentos de alguem não garante uma atitude correcta e por isso torna-se perigoso... é como tu referiste em relação á distinção entre moral e ética. Se a ética coloca nas tuas mãos a responsabilidade pelas tuas acções então porque é que vais guiar as tuas acções com base nos ensinamentos de terceiros? É isto que eu acho perigoso pois infelizmente não existem apenas bons mestres.

Paulo disse...

:)

quando ao mestre, é a vida, cada um come do que gosta...

parabens pelo seu blog

Paulo disse...

Agora um pouco mais a sério, e ainda sobre os mestres

Buda nasceu homem igual a tantos outros, teve inumeros mestres que abandonou e, sozinho, transcendendo todos os ensinamentos que tinha recebido anteriormente, atingiu um estado de realização incomparável, vulgarmente conhecido como iluminação(não tem nada a ver com a iluminação de natal). Neste momento colocaram-se-lhe duas questões, que mestre seguir, pois ele tornou-se naquele momento o maior de todos os realizados, e como transmitir a experiencia que tinha vivido.

À primeira questão, resolver tomar como mestre o Dharma a Verdade ultima de todas as coisas. A segunda questão, era como transmitir a alguem que nunca tinha comido uma maça, o que era a experiencia de comer uma maça, acho que é impossivel.

Teve mais tarce uma visão em que via os seres como flores de lótus num lago, uns prestes a desabrochar e outros ainda muito submersos na lama. E para os prestes a desabrochar seria necessário apenas algum aconselhamento para que reproduzissem a experiencia que ele próprio atingiu, para os outros mais tarde ou mais cedo iriam lá chegar, colocada a roda em movimento.

Posto isto, quase que concordo consigo, não aos mestres...mas,
a verdade ultima está em nós e podemos aceder a ela, porque precisamos de mestre então? eu preciso porque reconheço que sou um ignorante sobre essa tal verdade ultima e necessito de alguem que me ajude a encontrá-la e a definitivamente libertar-me.

Assim, aos mestres, sim/não, sim agora, não depois, e sendo o depois consequencia do antes, ele contem em si, os estados anteriores que lhe deram resultado, assim contidos nesse momento resultante, completo, nem sim nem não... puff, acabou a dualidade

Caro Zombie,

o importante mesmo é que cada um tenha um "sistema" de crenças e se guie por eles, que esse sistema/crença o ajude a atingir algo que considere proveitoso. Eu acredito em mestres...(com reticencias), o Zombie não acredita(sem reticencias), eu crente, o Zombie não crente, este é o seu sistema, não acreditar é apenas outra forma de acreditar, de traduzir o mundo por conceitos e usá-los como ferramenta. O resto são efeitos secundários, se o Zombie fosse neo-nazi, essa sua crença certamente só lhe traria tristeza a si e aos que o rodeiam, não é esse o caso. Pelo que vi do seu blog sinto que demonstra preocupação com o seu bem estar e com o dos que o rodeiam, isto é importante, agora de que forma é que arruma isto em conceitos? tretas, barcos que chegado ao outro lado do rio não vai usar mais.

Penso eu de que.

Mais asneiras não digo.

mais uma vez obrigada pela atenção.