14 fevereiro 2006

A razão que não existe, a solução que não se vislumbra

Ando a fugir deste assunto à que tempos...
Isto é mais uma resposta ao Zombie do que um post estruturado, mas visto que
tem a dimensão que tem, achei por bem fazer um post novo.

O problema não são as caricaturas, essas são só um
pretexto. O terrorismo a que agora assistimos, já o temos vindo a sentir.
Simplesmente mascarou-se a razão.

Há um choque de civilizações. Há quem discorde
disto, há quem diga que não é verdade, e eu até compreendo
o ponto de vista, esta é uma questão muito grave e perigosa.
No entanto tentar escondê-la não resolverá o problema, é necessário
reconhecer as diferenças e resolver os conflitos daí resultantes.

Consultem a wikipedia para uma sequência de eventos.

Como se pode ver, os protestos violentos começaram muito depois da publicação
dos cartoons, mesmo após publicação em países europeus
(França incluida, uma das maiores comunidades islâmicas, se não
a maior, na Europa) e no Egipto (17 de Outubro) sem reacções
violentas e mesmo poucos protestos.

As reacções violentas só começaram após
os lideres islâmicos se terem reunido em 6 de Dezembro na Organização
da Conferência Islâmica, onde debateram o tema. Desta conferência
(onde esteve o presidente do Irão, actualmente em atrito com o Ocidente
por causa do nuclear) saiu uma reacção oficial e começaram
os incentivos aos protestos e a violência.


É claro que ouve aqui um aproveitamento politico
por parte dos lideres religiosos e politicos (barreira indefinida no Islão).
Houve cartoons falsos (como a imagem destesite ) divulgados
no meio da confusão... Por quem?


"a liberdade de uns termina onde começa a liberdade dos outros"

Quer isto dizer que eu tenho o direito de me comportar como pensar, mas não
posso deixar que as consequências dos meus actos sejam uma barreira à liberdade
do outro. Claro que para isto resultar, tens de respeitar o outro como a ti mesmo,
coisa rara...

Isto é liberdade com responsabilidade, um principio fundamental da vida
em socidade democrática, e é aqui que se começa a perceber
as diferenças...

As barreiras de que falo tem uma natureza diversa, neste caso especifico, o que
aconteceu foi que as crenças dos muçulmanos foram ridicularizadas,
e mesmo associadas aactos preversos (pedófilia, terrorismo). Isto constitui
uma ofensa.

Mas pensará um qualquer português: "mas eu vejo todos os dias
os politicos e figuras pública, mesmo o papa serem ridicularizados diariamente
no Contra-Informação [passe a publicidade], e toda a gente sabe
que o terrorismo vem do fanatismo religioso". Esta linha de pensamento é compreensivel
porque a nossa forma de pensar, permite-nos perceber que quando identificamos
a pessoa X como um asno, não estamos realmente a querer rebaixar a pessoa
a esse nivel, na maior parte das sátiras de bom gosto, o que é feito é um
exagero cómico.

Infelizmente isto não é compreendido pelo Islão e nós
não compreendemos que no Islão uma ofensa ao Profeta é considerada
mais grave do que uma ofensa a Deus no Ocidente
(GayJesus 1 e GayJesus 2 - sim, Jesus é considerado um profeta no islão)


Conteúdo ofensivo (pelo menos em Portugal) pode ser punivel por lei. É este
caminho, o dos tribunais, que deveria ter sido tomado pela associação
de grupos islâmicos da Dinamarca (foram quem espalhou a noticia pelo mundo árabe),
mas não foi...


A responsabilidade da nossa liberdade democrática obriga a que ponderemos
as nossas acções, especialmente quando é óbvio (como é o
caso) que a controvérsia seria muita. Ouve aqui irresponsabilidade. É a
minha opinião, mas será que é a opinião dos Dinamarqueses?

Vejam o queacontece (vejam o fundo da noticia) a quem "ofende" o cristianismo
na Dinamarca.

Quem (Dinamarca) pensa desta forma, não quer concerteza "ofender
mortalmente" o Islão.


"...querer limitar a liberdade de expressão á partida é um
erro grave..."

Concordo plenamente, um estado democrático contém salvaguadas (só é preciso
que funcionem) para os casos de excesso da liberdade de expressão.


Os lideres islâmicos aproveitam a deixa para dizer: vejam, é esta
a democracia e a liberdade que eles querem impor.

Puro interesse, a liberdade e democracia pode resultar no Islão, é certo
que não será igual à Ocidental, mas seria saudável
que existisse.


Parece-me triste que os valores do respeito pelo próximo não sejam
universais, se fossem a reacção islâmica não seria
esta.

Os ocidentais são acusados de islamofóbicos e no entanto neste
caso o que se têm visto é a tolerância (ocidental) do intolerável.
As reacções de protecção dos nossos principios básicos,
democráticos e humanistas estão a ser usadas como gasolina nesta
fogueira, que irá arder enquanto os extremistas assim quiserem.


Tenho pena que de fora desta discussão fiquem os moderados dos dois lados...

1 comentário:

Carlos disse...

essencialmente estamos de acordo... apenas discordo que tenha havido irresponsabilidade... um cartoon nao tem a intenção de ofender ninguem e a solução para os conflitos nao é ficar calado e fugir das polémicas