06 fevereiro 2006

"The survival of the fittest"


Penso que erróneamemte se tem traduzido esta expressão de Charles R. Darwin por "a sobrevivência do mais forte", isto acontece muito possivelmente porque o primeiro exemplo dado por Darwin, para ilustrar a sua teoria, ser o do lobo a caçar o veado - o lobo mais rápido come mais.

Mas a verdadeira tradução deveria ser, a meu ver, a seguinte: "a sobrevivência do mais bem adaptado". Desta forma não nos restringimos às qualificações positivas: "mais rápido", "mais esperto", "mais forte" ...

Sobrevive, ou vive melhor, aquele melhor qualificado na qualidade de interesse para enfrentar o ambiente circundante, i. e., o mais bem adaptado.

O que nos leva ao objectivo deste post: a sobrevivência do mais "xico-esperto" no ambiente poruguês.

O ambiente português, no dia-a-dia das empresas, em especial as públicas e no relacionamento com o estado, pauta-se por potenciar a qualidade de vida do mais "xico-esperto". Cada vez mais me convenço que ser "xico-esperto" e mesmo aldrabão é conditio sine qua non (condição sem a qual) para subir na vida. Não sobes numa empresa pública sem isso, não te safas a meses de espera na justiça, não escapas às filas de espera, não vês o teu talento reconhecido...

Mesmos nos micro-ambientes onde outras e variadas qualidades se esperaria que imperassem, é sempre a xico-espertice que governa.

O problema com este estado de coisas, é que a xico-espertice pauta-se por tomar o caminho mais fácil, e esse é raramente a forma mais correcta e proveitosa em termos de resultados não imediatos e pessoais, de fazer as coisas.

Se tivéssemos nós optado (será que o conseguiríamos fazer?) por uma qualidade como a competência para ser omnipotente e omnipresente, como o é a xico-espertice, tenho a certeza que ficariamos bem melhor servidos e muitos dos males deste denominado país, desapareceriam.

2 comentários:

agent disse...

Nunca condenaria a parte da "espertice" porque isso nunca fez mal a ninguém. Agora outra coisa é todos nós sabermos, que parte da xico-espertice que há neste país, se deve não tanto à sua própria "esperteza" mas à "burrice" (ou ignorância) dos outros.
Por outro lado, não me parece que um xico-esperto que faça da fuga ao fisco um modo de vida, por exemplo, seja muito saudável para o desenvolvimento deste país... a não ser que o gajo seja caçado e o obriguem a pagar o que deve, a dobrar.

Eduardo disse...

Ser esperto não faz mal a ninguém, nem ao país. Ser xico-esperto faz, é entre outras coisa utilizar as leis mal feitas (por politicos que nunca fizeram nada na vida a não ser politica - uns xico-espertos) a seu favor e em prejuizo dos outros...