22 dezembro 2005

FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO – A MORAL

Pensar que somos civilizados demais para voltar aos crimes do passado é uma ilusão que partilhamos com os criminosos do passado. Acredito que em certa medida as perturbações do Mundo têm origem no facto de haver crentes a mais e selvagens a menos.

Tanto se fala de moral, ética, fazer o bem ao próximo, etc.… E na prática como é? A religião é a principal causa de sofrimento do mundo… veja-se os crimes que se cometeram ao longo da história: milhões que foram mortos apenas por discordarem com os valores impostos pela religião maioritária. Ainda hoje é assim: ainda este ano dois adolescentes foram enforcados no irão por serem homossexuais, as mulheres são condenadas á morte por serem infiéis aos maridos, 200 crianças por hora são vitimas de mutilação genital em toda a africa, dezenas ou centenas de mortos semanais provocados pelos terroristas suicidas que acreditam que vão ter 70 virgens á espera deles no paraíso, entre outros males relativamente menores como a discriminação sexual e de orientação sexual que se faz sentir em todo o mundo. Façam as contas…comparem todo este sofrimento causado em nome de valores mal fundamentados em princípios transcendentes com o sofrimento causado por outras causas como psicopatas assassinos em série, assaltantes mal dispostos, etc.…

Como devemos fundamentar a nossa moral? Sem seres vivos com necessidades, não pode haver bem ou mal e sem a presença de mais de um ser vivo não pode haver regras de conduta. A moral, deste modo, surge da humanidade precisamente porque existe para servir a humanidade. A teologia tenta caminhar para fora deste sistema, apesar de que não há necessidade (além da coerção) de fazê-lo. Quando teólogos imaginam que seres humanos, sem algum sistema moral teologicamente derivado, estariam sem quaisquer pontos de referência nos quais ancorar a ética, eles esquecem-se que os seres humanos normais compartilham as mesmas necessidades básicas de sobrevivência e crescimento portanto não deve causar surpresa a qualquer um que possamos ter interesses e preocupações comuns.

São os valores teológicos – e não os orientados em função do homem – os mais infundados. Pois, com valores teológicos, um arbitrário “pulo de fé” precisa ser dado em algum ponto. E, uma vez dado este “pulo arbitrário”, todos os valores derivados são tão arbitrários quanto o “pulo de fé” que os tornou possíveis.

Portanto, não é o humanista que precisa oferecer uma explicação para os valores. Que explicação pode ser necessária para o facto das pessoas naturalmente buscarem interesses humanos e, deste modo, relacionarem as leis e instituições às preocupações humanas? Apenas quando alguém tenta divergir-se do ponto de vista mais natural que quaisquer questões precisam ser levantadas. Apenas quando alguém fixa uma lei mais elevada que aquilo que é bom para humanidade que dúvidas precisam ser expressas.



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